segunda-feira, 23 de abril de 2012

camelar é normal, véi. bora pegar um baú e ir pro beiras

com atraso, com muito atraso, escrevo sobre o aniversário da cidade...52 anos...que nova! acredito que tudo o que tinha pra ser dito já foi dito...mas é que pra cada pessoa brasília se apresenta de um jeito diferente, né não? ai, cá estou eu repetindo o que já se disse por ai...ou não. já falei que nasci em arroio grande, lá no interior do rio grande do sul...meu pai trabalhava no banco do brasil, hoje é aposentado e feliz...quando eu tinha uns nove anos ele veio a brasília dar um curso de formação e trouxe a família toda!!! eu saída lá do interior, nunca tinha andado de avião (naquela época o passageiro ganhava uma maleta da varig com garfo, faca e um pratinho com carne ou frango....)...andar de avião era um colosso...a gente colocava a melhor roupa, o sapato era novo e o evento rendia fotos no balcão de embarque....aterrissei embasbacada nessa cidade gigante em formato de avião! eu nunca tinha acreditado que tinha o formato mesmo, mas lá de cima dava pra ver...foi deslumbrante!!! antes mesmo de vir a conhecer, eu ouvi falar muito em brasília...não sei até que ponto acredito, mas como toda a criança curiosa, fiz algumas vezes a tal brincadeira do copo ...uuuuuu.....minha mãe também! ela estudava em um colégio de freiras e pra mostrar como a brincadeira era uma fraude elas fizeram na escola...eis que o copo se mexeu e nas previsões avisou a minha mãe que ela moraria na cidade que estava começando a se erguer: a nova capital, brasília....criança, levou um susto mas não sabia também se acreditava ou não...pois meu pai veio várias vezes dar o tal curso até que foi transferido de vez pra cá...eu já tinha lá meus 11 anos...mas aos nove, voltando a tal visita, foi que vi pela primeira vez uma escada rolante! olha a ignorância do ser humano...o conjunto nacional era o que de mais maravilhoso eu tinha visto na vida. imagina, um shopping daquele tamanho!!! e nos anos 70 e 80 na parte de cima, onde hoje tem uma praça de alimentação, existia uma pista enorme de carrinho bate-bate (era bate-bate ou carrinho de corrida, não lembro)....lá no interior fui uma vez ao cinema na minha cidade...não que meus pais não me levassem, mas é que o único que tinha fechou. só deu tempo de eu assistir um filme do teixeirinha, aquele do churrasquinho de mãe...pois chego aqui e dou de cara com o cine atlântida...filmes e filmes dos trapalhões...fora os outros dois meeeega chiques: o miguel nabut e o badia helou (não sei pq tinham esses nomes, deve ser pq eram os nomes dos donos...)enfim, num deles tinha até umas mesas, com abajour...coisa estranha mas lindo. depois viraram cinema de filme pornô e hoje deve ter alguma igreja, igual tem no ex-atlântida...agora, pense no parque da cidade!!! affff aquele foguetinho era o má-xi-mo! e a piscina de ondas parecia história de outro mundo. barbaridade, voltei metida pra arroio grande! quando viemos morar aqui continuamos a frequentar a piscina...tocava uma sirene e era o código pra todo mundo sair correndo e pular na água pra curtir as ondas que se formavam devagar....a gente fazia pic nic na piscina de água mineral (sim, sempre fui farofeira)...eu levava bolo nega maluca! e morria de medo da parte escura da piscina (ainda tem, né?) ...era lei ir pro autódromo no fim de semana. meus pais enchiam o isopor de sanduiches, bebidinhas e lá ia a família firinfinfin pro autódromo, e valia ver qualquer competição! conhecer o congresso nacional e andar de esteira também foi uma experiência única...tantas "primeiras vezes"... primeiro zoológico, primeiro shopping, primeira escola particular...primeiro beijo (não, ai não foi, depois conto essa passagem...), primeiro big mac, primeiro din din, primeira manga (!) ...e foi assim que brasília se apresentou: como um grande desbunde, como um conto de fadas...no princípio morri de medo dela...ônibus, carros, avenidas...sair de um lugar com 5 mil habitantes, onde o que havia de mais legal era a plantação de arroz e ser engolida por uma capital federal não foi fácil...depois do deslumbramento, veio a paixão...e essa dura até hoje. claro que como em todo caso de amor tem altos e baixos....tem dias que morro de vergonha da sujeira, da periferia, do trânsito, da saúde pública....mas também me encho de orgulho do céu, da luz, dos sons...falando em som, escrever sobre meu caso de amor com a música de brasília exige outro post, prometo pra breve...a cidade que não tem esquina..sempre que digo  que sou de brasília perguntam: vc já viu o presidente? dá vontade de responder: -claro, compramos pão na mesma padaria! brasília tem tanta peculiaridade, tanta singularidade...só quem é daqui entende que ir camelar é normal, véi! e que pegar um baú e descer no beiras é programa pra quinta à noite...assim é. sou gaúcha, mas com o coração cheio dessa cidade que me ajudou a ser o que sou...falta um pouco de cuidado, mas acho que ela sobrevive...parabéns, pra nós, que fazemos dela nosso lar. fui...

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